domingo, 14 de agosto de 2011

Cada país tem seus mineiros soterrados

Em 6 de agosto, o Diário Popular publicou um editorial sobre a situação atual dos mineiros chilenos liberados há um ano (Todo país tem sua mina chilena). Cada frase pode ser lida metaforicamente como uma denúncia do desastre social vivido em nosso país, do qual todos participamos. Veja abaixo uma versão condensada.

A vida continua tão difícil para os 33 mineiros resgatados há um ano quanto o período em que ficaram presos na mina chilena de San José, no deserto de Atacama, em 5 de agosto de 2010, após um desmoronamento. [...]

A situação atual da equipe é a seguinte:

  • 7 estão sob licença médica devido a transtornos do sono e depressão, 5 tentam se livrar do alcoolismo e 14 pediram aposentadoria antecipada, pois sentem-se incapazes de voltar a trabalhar.

  • Entre os 19 que pretendem continuar trabalhando, 4 voltaram às minas, 10 estão em atividades temporárias (taxista, pedreiro e vendedores de frutas e verduras em feiras) e 5 ministram palestras sobre segurança no trabalho e motivação.

  • A luta longe da mina agora é outra: 31 deles decidiram processar o governo chileno por negligência e cobram na Justiça indenização de 540 mil dólares (cerca de R$ 890 mil) para cada um.

Os mineiros de San José [...] um ano depois, voltaram a ser as pessoas comuns que sempre foram e a enfrentar os mesmos problemas anteriores ao acidente: baixos salários e dificuldade para encontrar emprego. [...]

"Espero que isso nunca mais volte a acontecer" foi a frase dita pelo líder e o último a ser resgatado, Luis Urzúa. Palavras que poderiam muito bem ser aplicadas aos que vivem “soterrados” pelos efeitos das desigualdades sociais, seja no Chile, no Brasil, na Espanha ou nos Estados Unidos.

Cada país tem sua mina cheia de trabalhadores. Algumas nações esforçam-se para resgatá-los, outros adotam medidas paliativas e muitos optam por deixá-los sempre no fundo do poço.