
A denúncia vai diretamente contra 5 tipos de discurso rotulador que destroem a dignidade da pessoa em situação de rua: o psicologista, o higienista, o psiquiátrico, o criminológico e o religioso (na mesma ordem dos rótulos). Entende-se que esses discursos são a ideologia de base que origina a rejeição às pessoas de rua, mas o texto não mostra claramente um discurso melhor.
Sem sair da denúncia, o artigo analisa três possíveis formas com que estas pessoas elaboram este "universo simbólico perverso que as acomete": a loucura (como fuga da realidade), o suicídio (como consumação material da morte simbólica) e a resistência, a partir da transformação social (opondo-se a esta ideologia de rejeição, através da luta pelos seus direitos). As duas primeiras assimilam a agressão externa, e a terceira seria a única opção positiva (defensiva e autoafirmativa).
Nas entrelinhas de alguns testemunhos de moradores de rua de São Paulo, os autores querem sugerir formas de abrir-se a esta população como seres humanos iguais a todos, necessitados de libertação e autonomia. No entanto, o texto se mantém num discurso de guerra, persecutório e dualista (opressores e oprimidos; resignação ou rebeldia), sem vislumbrar que o sofrimento está instalado no ser humano, pesquisador ou pesquisado, domiciliado ou não, "incluído" ou não.
Foto de Rubens Flores, em Itajaí (SC), Balaio de Siri
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