sexta-feira, 29 de abril de 2011

Pessoas invisíveis por trás do trabalhador de rua

Há cerca de 12 anos, o estudante da USP Fernando Braga da Costa começou um trabalho para a disciplina de Psicologia Social, que com o tempo se transformou em pesquisa de mestrado e doutorado. A proposta inicial era realizar uma observação participante, assumindo durante um dia um ofício reservado a pessoas pobres.

Fernando escolheu ser gari na própria universidade, por aquele dia, mas continuou o estudo por mais uma década, vestindo uniforme, varrendo, limpando ruas e fossas, debaixo de chuva ou sol. Na foto à direita, ele é o jovem de pele clara, ao lado dos "verdadeiros garis" (leia entrevista).

Em nível de pós-graduação, o psicólogo desenvolveu a tese sobre a “invisibilidade pública”: em certas funções como faxineiro, ascensorista, empacotador e gari, a sociedade só percebe o uniforme e não enxerga a pessoa do trabalhador.

A tal ponto chega a invisibilidade de quem se uniformiza nesta função, percebida como socialmente inferior, que a mesma pessoa pode ser reconhecida e cumprimentada quando aparece como ela mesma e, momentos depois, pode ser ignorada se estiver vestida como gari ou lixeiro. Foi o que o pesquisador observou, desde o início. Até os animais têm um nome próprio, mas um lixeiro é visto pelo público como uma coisa amorfa.

A investigação social se traduziu, em 2002, na dissertação de mestrado "Garis: um estudo de psicologia sobre invisibilidade pública" (leia o resumo) e posteriormente uma tese de doutorado ( (veja a notícia da ISTOÉ Gente sobre a publicação do livro Homens Invisíveis – Relatos de uma Humilhação Social, Editora Globo, 2004).

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