Em um almoço que reuniu cerca de 30 usuários, equipe da casa e representantes da Secretaria de Justiça Social e Segurança (SJSS) comemoram a data. No espaço, os 398 cadastrados se cruzam. Há alguns que frequentam diariamente, outros se revezam no uso da casa. São, em média, 30 por dia, das 11h às 17h.
A refeição oferecida diariamente é o café da tarde. Mas quem frequenta garante o almoço do dia seguinte no Restaurante Popular.
A supervisora da casa, Vanderlita Aguirre Leal, orgulhosa, fala sobre as vitórias alcançadas depois da criação do local, [...] acrescentando que diversos usuários já foram inseridos no mercado formal de trabalho e voltaram a estudar.
A história de cada usuário do Centro tem suas peculiaridades, um começo original. Mas acabam se fundindo. A faixa etária predominante é dos 20 aos 40 anos, mas é possível encontrar idosos entre os usuários. São poucas as mulheres que frequentam a casa. Eventualmente se vê alguma por lá.
A maioria, por falta de opção, acaba cuidando carro nas ruas. Muitos são dependentes químicos. Alguns dizem não usar ‘nenhuma droga, só bebem’. Tem os que perderam o contato com a família. Tem até os que dividem o dinheiro que ganham igualmente – metade para a família, metade para o crack.
Luís Gilberto chegou de Campinas do Sul (RS) há 3 anos. |
Luis tem 35 anos. Ele não conheceu o pai. Com um ano e meio a mãe o entregou aos avós, com quem viveu até os 12 anos. Quando seus avós se separaram ele passou a viver nas ruas. Parou de estudar. Há três anos veio para Pelotas com uma empresa contratada pelo SANEP para a instalação de rede de esgoto. Aqui se apaixonou e quando o trabalho terminou decidiu ficar. Por um tempo usou crack, mas agora garante que não, que está forte. Tem três filhos, em diferentes cidades. Faz ‘bicos’ com pintura e jardinagem, mas diz que quer ‘arrumar os dentes e fazer um curso de garçom’. “Eu sempre trabalhei”, mostrando as mãos marcadas pelo trabalho pesado, e justificando que tem medo de não ter condições de fazer isso quando for mais velho. E afirma que não quer passar os anos dependendo dos outros, com um futuro incerto.
Fotos: R. Marin (Prefeitura)
Texto: Alessandra Meirelles
Nenhum comentário:
Postar um comentário