terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Desgarrados (Mário Barbará)

Eles se encontram no cais do porto pelas calçadas,
Fazem biscates pelos mercados, pelas esquinas,
Carregam lixo, vendem revistas, juntam baganas
E são pingentes nas avenidas da capital.

Eles se escondem pelos botecos entre os cortiços
E pra esquecerem contam bravatas, velhas histórias.
Então são tragos, muitos estragos, por toda a noite:
Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho.


Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade,
Viram copos, viram mundos,

mas o que foi nunca mais será...
mas o que foi nunca mais será...


Cevavam mate, sorriso franco, palheiro aceso,
Viravam brasas, contavam causos, polindo esporas,
Geada fria, café bem quente, muito alvoroço,
Arreios firmes e nos pescoços lenços vermelhos.

Jogo do osso, cana de espera e o pão de forno,
O milho assado, a carne gorda e a cancha reta.
Faziam planos e nem sabiam que eram felizes:
Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho.


"Desgarrados", de Sérgio Napp e Mário Barbará Dornelles, ganhou a 11ª Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul em 1981.

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