segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Endereço da casa do CREAS Pop-Rua

O sítio da Prefeitura de Pelotas voltou a noticiar hoje (7) sobre a inauguração em março do CREAS Pop (leia a notícia). A informação acrescenta agora o endereço (rua Doutor Cassiano, 152) e a foto (dir.) da casa exclusiva que sediará o serviço assim denominado.

A Secretaria de Cidadania e Assistência Social vinha atendendo a população de rua somente com a Casa de Passagem, onde um só profissional ainda realiza e coordena o trabalho. Desde março, o inédito serviço será oferecido por uma equipe (durante o dia) e a Casa de Passagem acolherá a população à noite.

Estas informações (tanto as oficiais como as deste blogue) buscam dar visibilidade ao atendimento dos moradores de rua e a esta população que tem sido tradicionalmente deixada de lado (pelos governos, por suas famílias de origem e por si mesmos). A comunidade pelotense precisará não só conhecer mas também entender e aceitar que este segmento da população pode ser resgatado e desenvolver-se na vida.

Neste blogue espero esclarecer, com o tempo, este processo de construção do novo serviço, que terá suas dificuldades, como toda coisa nova. Ele é construído com verbas federais permanentes e com uma contrapartida local, em que a Prefeitura providencia a casa e itens materiais. Realiza-se assim uma das políticas públicas atuais, destinada à extrema pobreza e aos adultos afetados pelo abandono e pelas drogas.
Foto: J. Tomberg

3 comentários:

Anônimo disse...

Bom trabalho, Francisco!
Bj, Tê!

Tiago Lemões disse...

Prezado Francisco

Primeiramente, gostaria de parabenizá-lo pela criação do blog e pela veiculação de notícias importantes como esta.
Sou pesquisador da área de Ciências Sociais e realizo trabalho de campo, junto à população de rua, desde 2008. Saber da criação desta nova casa de atendimento me leva a pensar nas contradições ou ambiguidades engendradas pelo poder público: hoje conversei com alguns sujeitos que habitam o parque Dom Antonio Zatera durante o dia e ouvi o relato das agressões físicas efetuadas hoje pela guarda municipal, que atendia supostas reclamações de pedestres incomodados com os "bêbados da praça". As agressões e ameaças foram bastante contundentes e a ordem do dia era que não mais pisassem naquele local, pois agora havia uma casa que os acolheria durante o dia. Isso é instigante porque, por um lado, o Estado fornece aparatos para atender esta população mas, por outro, aciona mecanismos de repressão e os empurra para o novo serviço de antendimento. Acho que uma politica de acompanhamento do tratamento dado a estes sujeitos deve ser consolidada juntamente com uma reflexão "de perto e de dentro" sobre como lidar com o fenômeno "população de rua" sem reafirmar ainda mais os estigmas e estereótipos disseminados na sociedade.

Francisco Antônio Vidal disse...

Tiago, obrigado pelo comentário. A cidade é pequena e algo ouvi hoje sobre pessoas de rua no parque, no sentido de serem mandadas ao CREAS Pop. Deve ter sido um dos guardas que ligou para o CREAS do Cruzeiro.

É bem verdade que a sociedade se contradiz, pois os atores são tantos, que é impossível coerência. Portanto, uns odeiam e outros protegem.

Os guardas municipais não têm preparação especial para problemas sociais, eles só reproduzem a tradição de abandono. Eles não seguem uma política pública, mas uma "política" de exclusão. Para atender questões sociais, precisa-se de estudo e consciência, e nem todos os profissionais a têm. Assim, nosso trabalho não é só com o abandonado, mas com a mentalidade predominante.

Outro detalhe no que vc comenta é que a política pública provém do governo federal, que exige contratar profissionais específicos para atender esses problemas. Os governos municipais não têm esse alcance, eles seguem parcerias com o Ministério do Desenvolvimento Social.